sexta-feira, 31 de maio de 2013

Vale a pena ver #1

Sempre fui fascinada pelo Caminho de Santiago e, por tal, ando constantemente à procura de literatura ou filmes/séries sobre o mesmo. Há uns bons anos, o National Geographic Channel transmitiu uma série documental, retratando a viagem a pé até Compostela do cantor galego Xoel López, tendo como companhia e referência o Codez Calixtinus (um livro escrito no século XII e considerado o primeiro guia de viagens da história). 
É uma série peculiar, onde a modernidade se cruza com a tradição, contando com a música como elemento aglutinador de todo o percurso. Caso tenham curiosidade sobre o Caminho, aqui vos deixo os episódios.

Episódio I
Episódio II
Episódio III
Episódio IV
Episódio V
Episódio VI

quarta-feira, 29 de maio de 2013

Pedaços do ser que me anima #1


Há qualquer coisa neles que me fascina. Que me faz perder a racionalidade. Com o meu, os dos outros e os de ninguém. Não há gato com que me cruze que não me aqueça o coração. Que não me arranque sorrisos e ternuras. E, sempre que possível, lá vou eu de mão solta e palavras meigas, nivelando a minha altura para me elevar à sua condição. Se, por mero acaso, alguém presenciar o momento e soltar o costumeiro "olha que o bicho pode ter doenças!", é certo, sabido e sem esforço que é brindado com um olhar reprovador ao bom estilo "doenças tens tu e é, certamente, na cabeça!".
Os gatos são senhores do tempo. Possuem, como mais nenhum outro ser, o dom do usufruto pleno do momento. Seja nas regaladas sonecas, no repouso sob o calor do sol, nas aprimoradas sessões de alindamento (e quanto brio, Deus meu!), nas fugas nocturnas ou nas brincadeiras e piruetas que uma simples folha varrida pelo vento lhes arranca.
O gato é fiel, mas nunca subserviente. É folgazão, para no momento a seguir pedinchar colo para dar carinho. É adepto do paparico, porque é a sua maneira de devolver o que pede. Mestre na arte do ócio e da contemplação, em geral. Bon vivant, passeia-se cheio de garbo, sempre feitio, nunca defeito: é da sua natureza. Reconhece-nos, humanos, como seres superiores em dimensão, mas iguais em estatuto. Fica porque quer, porque gosta, porque se sente em casa e seu membro pleno. É amigo em estado puro, mais racional que os ditos "racionais".
Não é companhia para qualquer um. Há que enterder-lhe os meneios, os jeitos e o carácter. Talvez, advogo, ter índole de gato na alma. Levar em nós o muito que neles admiramos.

terça-feira, 28 de maio de 2013

Poemas e pensamentos #8


Segue o teu destino,
Rega as tuas plantas,
Ama as tuas rosas.
O resto é a sombra
De árvores alheias.


A realidade
Sempre é mais ou menos
Do que nós queremos.
Só nós somos sempre
Iguais a nós-próprios.

Suave é viver só.
Grande e nobre é sempre
Viver simplesmente.
Deixa a dor nas aras
Como ex-voto aos deuses.

Vê de longe a vida.
Nunca a interrogues.
Ela nada pode
Dizer-te. A resposta
Está além dos deuses.

Mas serenamente
Imita o Olimpo
No teu coração.
Os deuses são deuses
Porque não se pensam.


Fernando Pessoa

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Primavera em flor #6

As azáleas cá de casa.

Palavras alheias que nos tocam* #1

Sou verdadeira, mesmo que quisesse não saberia ser de outra forma. Sou uma ave rara ingénua e incapaz de ser calculista. Dou tudo, bom e mau, aquilo que sinto mostro e digo sem fundo de reserva ou maneio. Não tenho vergonha de me mostrar frágil quando a vida assim insiste, não quero deixar de viver o bom com medo do mau que possa acontecer, não quero ter tempo a perder com jogos de esconde, esconde e mesmo aquilo que ás vezes tento esconder acabo a demonstrar porque sou demasiado transparente. Vem do fundo, dos meus fundos. Dou tudo e quando doi, esgoto-me... ainda assim insito na verdade e não me protejo.Talvez a vida ainda não me tenha sido suficientemente madrasta para me mudar ou talvez a vida me tenha ensinado (à força) que é inútil resistir, ou então é a escolha que eu fiz (ingénua, bem sei) de querer dar tudo para receber tudo. Mas como (quase) tudo, o exercício do equilibrio é o mais difícil.

[Texto publicado no blog "E-motions".]


*Talvez porque nos descrevem.

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Dias que se fizeram assim #9

 Quinta-Feira da Ascensão do Senhor - Dia da Espiga

Porque sou pelas tradições, pelos usos e costumes; em suma, pelo que nos dá identidade e diferencia enquanto povo. Ainda que esta seja uma tradição mais do centro do país, nunca é demasiado tarde para inaugurá-la como nossa.

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Dias que se fizeram assim #8

 

Largo do Toural, Guimarães

Meio de uma manhã de segunda, cinzenta e vagarosa. O bulício da cidade é entrecortado por um som atípico para estas paragens. Cabeças erguidas ao céu, à procura da origem daquele grasnar, um pouco ao jeito de Tomé: ver para crer. Grande deve ser a tempestade que fez esta gaivota acostar por aqui.

Poemas e pensamentos #7



Um dia de chuva é tão belo como um dia de sol. Ambos existem; cada um é como é.

(Fernando Pessoa)